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busca por riqueza, poder e glória tem sido uma
luta incansável de muitos homens. Há, no mundo, pessoas capazes de causar males
terríveis contra outro elevado número de pessoas e até nações para assegurarem
sua vontade de ser poderosas e atingirem suas conquistas. São indivíduos que
vivem sob desejo incontrolável de opulência flagrante e estão dispostos a agir
de modo inconsequente que os leve a constituir um verdadeiro reino na terra.
Nessa batalha constante de obterem cada dia mais bens, não se preocupam se
estão agindo incorretamente e usando os meios ilícitos, mas defendem somente a
satisfação em terem poder e glória.
Neste caso, esse
tipo de criatura pode pertencer a qualquer seguimento da sociedade e a qualquer
instituição, até mesmo a uma instituição religiosa. Jesus, ao instruir os
discípulos à oração, menciona alguns líderes religiosos que oravam pelo prazer
de serem vistos, os quais chamou de hipócritas. Os fariseus hipócritas se
sentiam recompensados em receber as saudações nas praças e os primeiros lugares
nas reuniões para serem vistos. Faziam oração demorada em pé, nas esquinas das
ruas, para atrair a atenção das pessoas que frequentavam aqueles espaços de
oração.
No entanto Jesus ensinou aos discípulos uma maneira de oração que trouxesse a recompensa pública do Pai: a oração em secreto ao Pai que estava em secreto. A dica dada por ele era que seus seguidores entendessem, primeiramente, para quem eles estavam dirigindo suas orações. E, na oração instruída por Jesus, surge a relação com o Pai Nosso, isto é, um pai de muitos: não restrito a um grupo religioso, exclusivista de uma religião. Um Deus que está nos céus, conforme é dito por Cristo, não pode ser manipulado por ninguém, mesmo que alguém se apresente em um elevado grau de espiritualidade, muito menos, por pecadores na terra, por melhores que sejam sua teologia e dogma religioso. Deus, nesse caso, encontra-se em um inimaginável lugar da mente do orador, já que a ideia dos céus expressa nesse contexto, é intangível pela mente humana.
Além do mais, o Pai nosso traz consigo uma apresentação por Jesus de um ser com um grau de grandeza santificada, incapaz de qualquer variação e imutável na mais elevada forma de santificação. Senhor de um reino nos céus onde sua vontade é feita. Um reino elevadíssimo governado pelo Deus Altíssimo, o Deus Criador, Senhor, Sustentador e Pai de todos as coisas por ele criadas.
É através da oração
ensinada por Jesus na qual podemos perceber a recompensa pública de Deus aos
homens. Na revelação de um reino vindouro em que a vontade divina fosse
realizada, aqui, na terra como é feita, lá, no céu. Não há como esconder um
reino edificado na terra. Isso nos possibilita entender que os bens oriundos de
Deus se estendem a muitos. Por esse
motivo, é bom compreender que serão trazidos para humanidade os evidentes
benefícios divinos em seu reino futuro. Toda terra será cheia de sua glória e poder.
Mas, no atual
contexto histórico em que foi ensinada a oração que deveria ser dirigida ao Pai
Nosso, os discípulos deveriam seguir pedindo a Deus o pão nosso de cada dia. O
pão que reflete o compartilhamento da recompensa de Deus para ser distribuída e
satisfazer a necessidade básica da vida. O pão nosso que não pode ser entendido
como o pão de cada um apenas, porém enviado a muitos, sem nenhum tipo de
seletividade. Distribuído aos amigos e aos inimigos, assim estava assegurado o
direito à vida.
Não é por acaso,
que Jesus provoca, na oração ensinada a seus amigos, a extrema necessidade de
serem perdoadas por Deus suas dívidas, bem como a manifestação clara e
verdadeira de eles perdoarem seus devedores. A resposta pública divina à oração
deles, também seria estendida a muitos. Isso lhes permitiria o entendimento de
que o amor de Deus alcançaria à humanidade. Viria sobre os bons e os maus. O
poder de Deus jamais pode ser entregue a uma pessoa ou a um grupo exclusivo.
Ele não terceiriza benefícios: Deus envia chuva para indiscriminadamente todos:
bons e maus. Ainda que haja dias difíceis, através da oração, devemos ter a
certeza de que o Pai nos concederá a benção do pão de cada dia enquanto
vivermos.
Por fim, Jesus
torna claro na oração ensinada aos discípulos, que precisamos pedir ao Pai
Nosso que nos livre do mal que pode nos conduzir à tentação. Mal que nos pode
fazer acreditar que seremos capazes de realizar tudo sem sua ajuda. E venhamos
pensar que tudo depende de nossa própria força ou de nossa habilidade e
intelectualidade humanas, de maneira que nosso coração se eleve e venhamos
prescindir de sua ajuda. E depois, por nos exaltarmos ao ponto de construirmos
nosso reino pessoal, busquemos glória para nós mesmos. Nunca devemos esquecer
que somente Deus é digno de toda a adoração, porque só a ele pertencem a honra,
a glória e o poder para sempre. Amém.
Francisco de Assis Gomes
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